domingo, 12 de dezembro de 2010

Arte do chá



ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo


Paulo Leminski

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

...CANÇÃO I

É bom que seja assim, Dionísio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora

E sozinha supor
Que se estivesses dentro

Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora

Eu jamais ouviria. Atento
Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite
Pensando: amanhã sim, virá.
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

EU ME INFERIORIZO E ME CORROMPO QUANDO ...

A seguir 12 ítens que fazem de mim a pior pessoa do mundo...

1 eu não reconheço meus erros

2 eu coloco nos outros a responsabilidade, e culpo o outro pela natureza exata das minhas falhas

3 eu tenho dificuldade em expressar amor mas não tenho em expressar fofocas e ódio

4 eu tenho vergonha de pedir desculpas, e na verdade, acho que não devo mesmo, acho que estou sempre certo

5 eu digo que amo mas não me aprofundo e vejo que na verdade, não amo profundamente, só superficialmente e sem compromisso real, onde qualquer variação onde minhas exigências não são cumpridas, eu saboto e destruo

6 eu tenho sempre exigências aos outros, para que se adaptem ao que chamo de amor, e não reconheço que cada vez mais eu me afundo no orgulho, egoísmo e egocetrismo

7 eu me abandono a sentimentos mesquinhos, não me submeto a obediência, e cedo a amargura e reclamação da vida

8 eu coloco a responsabilidade da minha vida e dos meus atos insanos no outro, e me acho inocente e certo, e sempre, mas camufladamente, eu sou sempre dono da razão

9 eu simulo algum tratamento mas na verdade é manipulação, como ingressar numa irmandade só pra satisfazer e fingir que estou me tratando pra manipular pessoas, mas na verdade, continuar fazendo minha vontade sempre

10 eu não vejo que minha vida se tornou incontrolável emocionalmente, e cada vez mais afasto as pessoas que amo, com um insano sentimento de estar certo

11 eu me isolo, corto pessoas, ou me alio a pessoas, e fujo de brigas ou começo confrontos pra continuar com meu modus vivendi insano, e me junto com quem tem o mesmo comportamento pra me auto enganar

12 eu tornei minha vida incontrolável e odienta, afastei quem me amava, e continuo a dizer e agir como se tivesse razão, não pedindo ajuda, não mudando na realidade nada, só me afundando nas minhas vontades e exigências egocêntricas, adoecendo totalmente e atraindo cada vez mais desgraças emocionais

(Rey Biannchi)

A SEGUIR... ( Quando eu estiver emocionalmente e espiritualmente pronta).. A SAÍDA: ME LIBERTO AMOROSAMENTE E TENHO INTEGRIDADE QUANDO ...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O Casal
O casal vinha andando pela Paulista, de mãos dadas, conversando animadamente. Ele falava meneando sutilmente a cabeça, com ares professorais e ela prestava atenção verdadeira com um sorriso tênue nos lábios enquanto fitava o rosto dele com olhos de admiração.
De onde eu estava observando, não conseguia ouvir o que diziam, mas parece que ela o retrucou. Ele pareceu ter ficado surpreso e admirado com o que ouviu e parou de caminhar para abraçá-la com carinho. Durante o abraço ela repousou brevemente o rosto no ombro dele e, no desenlaçar, beijou-lhe suavemente o pescoço. Eles trocaram olhares cúmplices, e voltaram a caminhar de mãos dadas. Agora, era ela quem falava e ele prestava atenção pontuando a conversa vez ou outra com algum comentário ou resposta.
De onde eu estava observando, percebia que ali havia amor. Que havia cumplicidade, confiança mútua. Eu percebia que havia amizade, interesse franco de um pelo outro. Eu percebia que havia intimidade, que havia paixão.

Por um tempinho eu me imaginei no lugar deles. E senti inveja.
Não porque eu nunca tivesse vivido esse tipo de relação. Eu vivo. Mas porque aquele casal tinha uns 75, 80 anos de idade.

Soneto

de Gregório de Mattos

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazio a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.

sábado, 9 de outubro de 2010

Cantinho Escondido


Ah se minha casa mostrasse fora o que tem dentro dela
Você não teria medo, entraria e tomaria um café comigo

Ah se meu banquinho de flores já estivesse pronto
Agente sentaria e olharia as estrelas

Ah se seu desejo fosse olhar as estrelas
Cataríamos canções bobas de amor

Ah se eu pudesse mostrar que a alma é mais bonita que a carne
Seria tudo sem sangue

Ah se você me olhasse além do que você imagina,
Mas você tira os óculos e não me enxerga mais

Ah se eu pudesse dá ao mundo o amor romântico que sonho
Mas nem o sonho, nem o amor existem

Ah se eu pudesse, mas eu não posso

terça-feira, 5 de outubro de 2010

40 anos da morte Janis Joplin


Acho isso de se comemorar aniversário de morte muito estranho. Mas se for pra lembrar da voz dela, tá valendo!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

[Poema nosso de cada dia]

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. [...]

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


(João Cabral de Melo Neto)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dia Mundial Sem Carros

Comemoramos todos os dias!






"(...)O principal motivo da celebração é diminuir a quantidade de carros individuais nas cidades. Os problemas são os que já conhecemos: grandes congestionamentos, poluição do ar e sonora, isolamento urbano, acidentes fatais, problemas de saúde, alto consumo de combustíveis fósseis, gastos aos cofres públicos, queda de produtividade e redução da qualidade de vida."


"(...)Entre as medidas mais citadas estão o incentivo e o investimento no transporte público de forma a torná-lo eficiente e de alta qualidade, convencendo o usuário a trocar o seu carro individual por um modal coletivo."



Pena que nossos governantes não atentam para esse dia.
Por isso, e por muito mais, próximo dia 03 de outubro, vote consciente.
tomecontadobrasil#

domingo, 19 de setembro de 2010

Silêncio Aflito


Vi meus olhos refletidos em olhos verdes e tristes.

Aperto no peito.

Grito calado de socorro.

Ajuda que não existe.

E eles não vêem,
Cegos pelo consumismo e pela vaidade

que suga até a última gota de sentimento.

E palavras que da mesma forma que se propagam se dissipam.

Agir! É o que pediu os olhos verdes.

Medo é o que sente meu corpo.

Coagido! Olhando o horizonte desejando a liberdade utópica.

sábado, 18 de setembro de 2010

Aos "Artistas Plásticos"...


Uma composição de Zeca Baleiro e Zé Ramalho

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta

Meu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
calcado da revalorização da natureza morta

Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone"

Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno

Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana

Com a graça de Deus e Basquiat
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana

Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina

Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sem Título

É como se tivesse esvaziando-se de vez. E é um vazio tão fundo que o preenchimento completo, aquele que um dia viveu, já nem seria mais possível.

Vai andando, e querendo aos poucos a explosão dos sentidos. O medo é incontrolável, os questionamentos maiores, e são esses questionamentos que impedem os riscos.
Inveja os que não sofrem com isso, aqueles que tomam pela rédea os sentidos e com a força da razão conseguem seguir.

Vai correndo, com uma pressa de uma fome que precisa ser saciada antes que a morte chegue. Mas o alimento, embora doce, apetitoso aos olhos, não tem o mesmo sabor e nem sacia mais, não tem aquele azedo que fazia a garganta doer e o doce não é tão saboroso como aquele manjar.

Vai parando, cansado de tanto correr. Acalma, senta e espera.
Olha lá fundo, fecha os olhos pros resquícios e pras dores.
Espera o poeta cantar.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Linda forma de falar do AMOR.



Quando eu saí de uma importante depressão, eu disse a mim mesma que o mundo no qual eu acreditava deveria existir em algum lugar do planeta. Nem se fosse apenas dentro de mim... Mesmo se ele não existisse em canto algum, se eu, pelo menos, pudesse construi-lo em mim, como um templo das coisas mais bonitas em que eu acredito, o mundo seria sim bonito e doce, o mundo seria cheio de amor, e eu nunca mais ficaria doente. E, nesse mundo, ninguém precisa trocar amor por coisa alguma porque ele brota sozinho entre os dedos da mão e se alimenta do respirar, do contemplar o céu, do fechar os olhos na ventania e abrir os braços antes da chuva. Nesse mundo, as pessoas nunca se abandonam. Elas nunca vão embora porque a gente não foi um bom menino. Ou porque a gente ficou com os braços tão fraquinhos que não consegue mais abraçar e estar perto. Mesmo quando o outro vai embora, a gente não vai. A gente fica e faz um jardim, qualquer coisa para ocupar o tempo, um banco de almofadas coloridas, e pede aos passarinhos não sujarem ali porque aquele é o banco do nosso amor, do nosso grande amigo. Para que ele saiba que, em qualquer tempo, em qualquer lugar, daqui a não sei quantos anos, ele pode simplesmente voltar, sem mais explicações, para olhar o céu de mãos dadas.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Só se sabe aquilo que se sente

Partindo de uma ultima experiência da minha longa tragetória de tentativas frustradas em consolar pessoas, comecei a pensar o quão hipócritas são as pessoas que ao tentar consolar outras vêm com aquele velho papo de "eu sei bem como você se sente" ou "olha, eu entendo o que você está passando". Não ninguém jamais sente o que você sente, ou sequer entende o que você está sentindo.
É desse sentimento prepotende de achar que sempre é possível decifrar os sentimentos alheios, e consequentemente comportamentos e atitudes do outro, que as pessoas acabam sempre se entendendo enquanto detentoras do poder oniciente de jugar o próximo.
Refletindo nesses insights que tive, acabei encontrando esse texto que traduz pefeitamente o que eu estava pensando...


Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros?
Falam de tudo.
Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzices, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos.
Sobretudo falam do comportamento.
E falam porque supõem saber.
Mas não sabem.
Porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente.
Se sentissem não falariam.
Só pode falar da dor de perder um filho, um pai que já perdeu, ou a mãe já ferida por tal amputação de vida.
Dou esse exemplo extremo porque ele ilustra melhor.
As pessoas falam da reação das outras e do comportamento delas quase sempre sem jamais terem sentido o que elas sentiram.
Mas sentir o que o outro sente não significa sentir por ele.
Isso é masoquismo.
Significa perceber o que ele sente e ser suficientemente forte para ajudá-lo exatamente pela capacidade de não se contaminar com o que o machucou.

Se nos deixarmos contaminar (fecundar?) pelo sentimento que o outro está sentindo, como teremos forças para ajudá-lo?
Só quem já foi capaz de sentir os muitos sentimentos do mundo é capaz de saber algo sobre as outras pessoas e aceitá-las, com tolerância.
Sentir os muitos sentimentos do mundo não é ser uma caixa de sofrimentos.
Isso é ser infeliz.
Sentir os muitos sentimentos do mundo é abrir-se a qualquer forma de sentimento.
É analisá-los interiormente, deixar todos os sentimentos de que somos dotados fluir sem barreiras, sem medos, os maus, os bons, os pérfidos, os sórdidos, os baixos, os elevados, os mais puros, os melhores, os santos.

Só quem deixou fluir sem barreiras, medos e defesas todos os próprios sentimentos, pode sabê-los, de senti-los no próximo.
Espere florescer a árvore do próprio sentimento.
Vivendo, aceitando as podas da realidade e se possível fecundando.

A verdade é que só sabemos o que já sentimos.
Podemos intuir, perceber, atinar; podemos até, conhecer. Mas saber jamais.
Só se sabe aquilo que já se sentiu.

(Arthur de Távola)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Algodão-doce


Pra adoçar o dia...




Quando eu era pequenina e espiava o mundo pelas grades do portão, via sempre um véinho passando, gritando:

- Ói algodão!


Um dia, resolvi sair e pegar a fila das crianças. Fiquei esperando o véinho transformar açúcar em nuvens, açúcar em mágica, em pedaços de carinho. Quando ficou pronto, mal podia acreditar! Peguei o algodão nos dedos e perna-pra-te-catar!


Lá de longe, o véinho gritou:

- Ô Ritinha, mas e o dinheeeeeeiro, Ritinha?


Eu virei e respondi:

- Não, vô! Num picisa de dinheiro, não! Só o algodão-doce já tá ótimo! Só o algodão-doce tá bão!


O véinho deu risada e logo respondeu:

- É mesmo, né Ritinha? Só o algodão-doce já tá ótimo! Só o algodão-doce tá bão!


(Rita Apoena)

sábado, 21 de agosto de 2010

Justificativa para dias de atraso



Querido chefe,
Devo começar minha justificativa da exata hora que acordo. Pois bem, aí vai ela: hoje acordei as 06h00min - exato momento que o celular me despertou - ainda briguei comigo mesma por mais 10 minutos, e só aí deixei minha caminha quente, fofinha e aconchegante. Acredito que esse já seria um bom motivo para que o Sr. considerasse meu total comprometimento ao trabalho.
Levantei com uma temperatura ambiente de uns 5 graus negativos (minha sensação térmica), segui em direção ao banheiro de olhos fechados, fiz meu xixi matinal; escovei os dentes e segui pra cozinha, onde minha mãe perambulava fazendo alguma coisa que meu único olho aberto não identificou; fiz meu cappuccino com leite e duas colheres de açúcar; uma torrada e biscoitos de leite.
Terminado o café sigo para o banho com água quente, porque eu não pretendia virar sorvete, volto pro meu quarto, visto uma roupa adequada, penteio os cabelos, procuro chave, cartão, dinheiro (e todos esses somem, todas as manhãs) e saio de casa exatamente as 06h55min. Chego à parada as 07h00min, tudo certo, penso: só gasto 30 minutos de ônibus até o meu destino final. Deixo mais 30 para possíveis imprevistos.
Espero minhas duas únicas opções de ônibus. O primeiro passa as 07h20min, tão lotado que dá pra ver as pessoas com as caras espremidas nos vidros. Mesmo assim, por amor ao trabalho, eu peço parada ao querido motorista, que por sua vez não para, pelo simples fato que não há possibilidade de entrar nem uma mosca anoréxica ali.
Pois bem, já são 07h30min, e em um ato de total desespero, pego o primeiro ônibus que passa -e olhe que esse sai do salário digno que a vossa magnificência me paga- desço em outra parada (um lugar de maior movimento e com mais opções de linhas pra Oiapoque), só aí pego um bendito 54. Este segue viagem, parando a cada 5 minutos, em sinal de trânsito e/ou em outras paradas.
Olho pro relógio, já estou no bairro, mas já são 08h00min, penso nesse momento “estou atrasada de novo”. Finalmente, chego, e como eu pensava, 15 minutos atrasada. Daí o Sr. me manda preencher uma justificativa de atraso. Ok, feita. Diante desse relato, quero perguntar a vossa magnífica criatura se o universo paralelo em que o Sr vive cabe mais um, estou querendo me mudar pra lá, é que o meu universo ta cheio de ônibus lotados e atrasados.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Buraco da Catita




Sabe quando as coisas “melhoram” tanto que perde o seu real valor?
Tive essa impressão sábado passado.
Fui à reabertura do Buraco da Catita, um bar que supostamente seria um lugar pra “encontrar os amigos”- particularmente nunca fui com essa finalidade - e ouvir uma boa música (chorinho). O lugar se transformou em um palco onde as “personalidades” de Natal puderam desfilar seu gosto a arte musical. Humhum...
O espaço que antes mal tinha banheiro feminino, agora conta com uma ampliação na sua estrutura, tanto fora quanto dentro, e com um luxo que não condiz com a autentica boemia que o chorinho carrega.
Fiquei realmente decepcionada, fui com sede de ouvir clássicos de Pixinguinha, Cartola, Noel Rosa e só o que ouvir, foi... Não ouvir quase nada, o Grupo Catita Choro & Gafieira tocava uma música e passava mais da metade do tempo ajustando os instrumentos, esperando a presença dos senhores ilustres de nossa cidade ou qualquer outra coisa assim. O que mais se viu, foi muita gente querendo aparecer, muita gente querendo se esconder, muita bebida e comida cara e pouca música.
Minha frustração só não foi maior, porque ainda tava com a lembrança do belíssimo espetáculo que tinha assistido momentos antes.
Bom... Vou continuar ouvindo bossa, chorinho e samba no PC.
Vou ficar desejando que um dia apareça um lugar onde o amor pela música seja maior que o amor pelo lucro e as aparências.



ODEON
Composição: (Ernersto Nazareth e Vinícius de Moraes)

Ai, quem me dera
O meu chorinho
Tanto há tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouvia
Ele fazer tanto chorado
Ai, nem me lembro
Há tanto, tanto
Todo o encanto
De um passado
Que era lindo
Era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho
Chamado Odeon

Terçando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tirando a canção do violão
Nesse bordão
Que me dá vida
E que me mata
É só carinho
O meu chorinho
Quando pega e chega
Assim devagarzinho
Meia-luz, meia-voz, meio tom
Meu chorinho chamado Odeon

Ah, vem depressa
Chorinho querido, vem
Mostrar a graça
Que o choro sentido tem
Quanto tempo passou
Quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém

Ah, quem diria que um dia
Chorinho meu, você viria
Com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer "não faz mal
Tanto faz, tanto fez
Eu voltei pra chorar com vocês"

Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim pra não tocar
Tão lindo assim
Porque parece até maldade
Ai, meu chorinho
Eu só queria
Transformar em realidade
A poesia
Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom
De um chorinho chamado Odeon

Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda persigo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
E até parece aquela prece
Que sai só do coração
Se eu pudesse recordar
E ser criança
Se eu pudesse renovar
Minha esperança
Se eu pudesse me lembrar
Como se dança
Esse chorinho
Que hoje em dia
Ninguém sabe mais

domingo, 1 de agosto de 2010

A Mar Aberto








"A Mar Aberto" conta a história de um velho lobo do mar, Seu José Hermílio. Homem sábio que há mais de 30 anos tira do mar o sustento e a própria razão de existir. Todos os dias, "que não são santos", ele e seus companheiros de barcaça, tentam a sorte contra a correnteza e possíveis tormentas. Em um desses dias, seu Hermílio se encontrou, em plena pescaria, traído pelo coração. Ele acha que foram as "artimanhas do demo" que trouxeram até ele o sobrinho de Rita, Júlio de Joana, que aos 19 anos abandonou a faculdade para ser pescador.
O conflito com o próprio desejo; o preconceito; a rudeza e a paixão; a religiosidade e a culpa são alguns dos temas expostos em "A Mar Aberto."


"Agente pode até perder o amor, mas o amor sempre da um jeito de se achar"

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Terra natal

NATAL CANIBAL - Os Grogs

A índia que dançava nua
Chamando o colonizador,
Passou turista bem passado,
Depois Cascudo divagou.

A turma vinda de além-mar
Em Touros quando lá chegou,
Mandou fazer hotel, pousada,
Lavar dinheiro em bangalô.

No tempo da segunda guerra
Toda Parnamirim queimou,
Surgiu assim a base aérea,
Foguete Natal já se lançou!

A ponte do Forte-Redinha
Erguida sobre o Potengi,
Namora as duas metades,
As duas filhas de Poti.

A caravela abriu as velas,
Um gringo carregou meu bem,
Danei-me para Ponta Negra,
Peguei a mulher dele também.

Por isso que eu toco rock,
Por isso que eu canto blues,
Sou do Rio Grande do Norte,
Miami já não me seduz!

Essa música foi premiada no MPBECO de 2009. Ela é ótima tocada pelas mãos dessa galera aí, que formam a banda 'OS GROGS' aqui mesmo de Natal.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Eleições 2010

Como todo mundo já deve tá sabendo, dia 03 de outubro iremos exercer nosso direito de eleger um novo governante para esse Brasilzão de meu Deus...
Rola uma polêmica enooorme sobre essa parada de "voto obrigatório", enfim.. não será este o tema deste post. Na minha opinião, o voto é um pequeno direito GARATIDO de exercer a nossa cidadania, e por que não exercê-la, já que em muitos outros ãmbitos somos privados disso?

Sendo assim, venho por meio deste sugerir uma opção (muito boa na minha opinião) pra galera que tá aí toda em dúvida em quem vai votar...

Marina Silva




O texto publicado no site TERRA, mostra um pouco das opiniões, fazendo um breve perfil da candidata. É meio grande, mas vale a pena ler e se caso interesse, mais informações no site: http://www.movimentomarinasilva.org.br/

Por Vitor Hugo Soares
De Salvador (BA)

Sabatinada esta semana na Rede Record de Televisão, no primeiro encontro com os candidatos à presidência da República da série programada pela emissora, Marina Silva, do Partido Verde, pode até não ter marcado pontos em futuras pesquisas de opinião, mera suposição ainda a verificar. Do ponto de vista político e jornalístico, porém, ela cumpriu como se deve o papel de um candidato nesta quadra da vida nacional: Falou a verdade, disse o que sente e ofereceu matéria de sobra para notícia, opinião e reflexões.

Nos instantes mais interessantes e cruciais da conversa com a apresentadora e jornalistas convidados, ou ao responder a questões propostas pelos tele-eleitores, Marina lembrou muito - para o bem e para o mal - aquele personagem vivido pelo ator Luiz Fernando Guimarães, no quadro O Super Sincero, que abrilhantava as noites de domingo no programa Fantástico, da Rede Globo.

Recordo, por exemplo, um episódio em especial, no qual o personagem da televisão atrasado a caminho do escritório de trabalho no centro da metrópole, se vê, de repente, no meio de uma ruidosa manifestação de ambientalistas. Destas com o propósito de salvar a humanidade de todos os perigos representados pelos predadores ambientais de todos os tipos e espécies.

Bloqueado pela passeata, sem conseguir se livrar da confusão, o personagem de Luiz Fernando bate de frente com uma jovem de cara pintada, daquelas que aqui na Bahia são chamadas com perversa ironia de "militante cricri da natureza". Atraente e sem perder a calma, diante de cada resposta ou argumento desconcertante do ator, ela tenta a todo custo "ganhar" Luiz Fernando para a "causa", como diziam os antigos militantes de esquerda dos 60/70.

Sosseguem que não pretendo "torrar" a paciência de ninguém com detalhes da história, que pode ser vista em vídeos espalhados por inúmeras esquinas da internet. Digo apenas que a moça acaba levando o personagem para conhecer o seu apartamento, um mini-universo do politicamente correto no terreno da defesa ambiental. No fim, não resisto revelar, depois de tudo (que não conto) os dois retornam aos seus papeis originais.

Voltemos então à candidata do Partido Verde na sabatina da Record. No estúdio, jovial e simpática como a moça da passeata ambientalista, Marina Silva, no entanto, esbanja sinceridade nas respostas ao tiroteio de perguntas a que é submetida, como o personagem do extinto quadro dominical da TV Globo.

Quão útil e oportuno seria sua apresentação neste período tão marcadamente insincero de campanha política, principalmente por parte dos dois candidatos melhores colocados nas pesquisas de opinião: Dilma Rousseff, do PT, e José Serra, do PSDB. Ambos, com suas diferenças específicas, provavelmente convencidos por seus condutores e conselheiros de que é isso exatamente o que os eleitores esperam de postulantes a cargos públicos. Insinceridade!

A acreana, boa conhecedora dos segredos da selva - embora talvez nem tanto do bicho homem, do animal político principalmente - preferiu caminhar por trilhas diversas às de seus adversários na briga pelo posto maior da República. Sem temer preconceitos ou ser chamada de "careta", a candidata verde falou sem meias palavras de temas polêmicos e delicados, dos quais os demais postulantes ao Palácio do Planalto em geral se esquivam, ou respondem com meias verdades - o que no fundo não passa de uma mentira completa.

Na sabatina da Record, Marina Silva afirmou que nunca fumou maconha e acrescentou ser contra a legalização da droga. Nunca tomou bebida alcoólica, "só Biotônico Fontoura", ressalvou, para ser totalmente verdadeira e ao lembrar do tônico famoso bebido na infância de menina pobre e raquítica, que fez a delícia de gerações inteiras e despertou o amor de muitos brasileiros pelo bar e pela farra, como este que vos escreve. Perguntada sobre o casamento homossexual, aprovado esta semana pelo Congresso da Argentina contra a vontade da Igreja Católica e sob o patrocínio corajoso - suicida para alguns - da presidente Cristina Kirchner, a candidata verde não fugiu da raia ao opinar sobre o casamento gay.

"No meu entendimento, o casamento é um sacramento. Não faço aquele jogo de falar por entre os dentes, de ir à Igreja e dizer uma coisa e ir à comunidade e dizer outra", atirou. Marina ainda assinalou que o uso do Santo Daime em cultos religiosos não pode ser visto com preconceito, mas uma vez retirado do contexto, pode levar a aborrecimentos. "É uma prática religiosa que tem origem em comunidades indígenas. Tirado do contexto e tratado de forma esteriotipada, pode criar problemas". Mesmo fazendo parte do contexto geográfico e humano do Daime, a candidata fez questão de frisar que jamais tomou um gole da bebida com poderes ditos "alucinógenos".

Marina se queixou de sofrer preconceito simplesmente por ser evangélica. Ela opina, com razão, que o fato de ter e praticar uma religião não a torna - nem a ninguém - passível de pré-julgamentos e condenação prévia. "Fico triste quando vejo algumas pessoas acharem que pelo simples fato de professar a fé evangélica eu seria, a priori, uma pessoa limitada, conservadora".

E, nesse ponto, a Super Sincera candidata mostrou as garras na TV: "Nunca gostei da forma como muitas vezes, até no meio religioso, as pessoas ficavam dizendo que o presidente Lula ia acabar com a Bíblia e com a religião".

Na mosca. Pena que a sabatina de Marina tenha sido tão pouco noticiada e repercutida além dos limites da Rede Record, por nossos melhores jornais, emissoras de rádio, TV, blogs e portais na internet - salvo honrosas exceções como o Terra, em seu espaço "Eleições 2010". Meios tão generosos (e às vezes complacentes) com os dois candidatos melhores colocados nas pesquisas, como se a escolha presidencial não passasse de mero plebiscito.

A Super Sincera Marina merecia mais olhares e atenções para suas palavras.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia mundial do Rock and roll

E pra não dizer que não falamos das flores...




Não! nada de "toca Raul", vamos tocar Ramones mesmo, e a minha favorita.
THE RAMONES - I WANNA BE SEDATED Ré!!!!

domingo, 4 de julho de 2010

Haicai

Parece fácil e simples. Uma brincadeira. Três versos sem rima que retratam um instante. Uma fotografia escrita de um momento, de um lugar. Apenas três versos, mas que em poucas palavras devem dizer o suficiente.


A origem do haicai é o Japão. Contudo, o pequeno poema japonês ganhou o mundo e alcançou o Brasil. O interesse pelo haicai, dentro e fora da comunidade japonesa, leva poetas como Alice Ruiz e Cláudio Daniel a oferecerem oficinas onde tentam ensinar a essência poética e um pouco de sua história. Também é grande o número de pessoas que se reúne por meio de associações para estudar e fazer haicais em sua forma mais tradicional. É o caso do Grêmio Haicai Ypê, que organiza reuniões e encontros em São Paulo.

O haicai, assim como outras formas de poesia - por exemplo, o soneto -, tem regras. No Brasil, ao longo dos anos, ganhou algumas variações. Em sua forma tradicional, o haicai japonês é um poema composto de 17 sílabas distribuídas em três versos. O primeiro deve conter cinco sílabas, o segundo sete e o terceiro, novamente, cinco. O haicai não tem rima nem título. A referência à natureza está sempre presente no uso de uma palavra, o termo de estação, chamada kigô em japonês, que remete às estações do ano. Aqui, apesar da indefinição ou das diferenças territoriais que marcam as estações, muitos haicaístas brasileiros mantêm o uso do kigô. Há haicais para cada estação do ano.

Um exemplo belíssimo de Haicai são as poesias de Alice Ruiz:

"amigo grilo
sua vida foi curta
minha noite vai ser longa"

(Alice Ruiz)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Castelo Zé do Monte



O site Solto na cidade postou um texto de André Mota sobre o Castelo Zé do Monte e nós que fomos criadas pelas redondezas do castelo, na cidadizinha mais atemporal que eu conheço, não poderiamos deixar de divulgar.

O monumento foi construído no ano de 1953 por Francisco Quitiliano e em 1983 foi vendido para Zé do Monte que ate hoje cuida da construção e faz reformas constantemente. Anteriormente Zé morava no próprio castelo. Hoje ele mora numa casa ao lado construída em cima de uma grande pedra. A visita é aberta ao publico de segunda a domingo ao custo de R$ 5,00 por pessoa.

A lenda local diz que o castelo foi construído com intuito de adoração a o deus da pedra e que ao entrar em alguns espaços construídos com uma certa peculiaridade(espaço com menos de 1,50 m que só é possivel passar de cabeça baixa ou inclinado) o visitante involuntariamente reverência o tal deus.

Lendas a parte, asseguro que é uma bela aventura, e que o visual no topo do castelo é lindo. Vale muito conferir.

apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme

terça-feira, 22 de junho de 2010

A bailarina e o Astronauta

Hoje trago pra vocês um historinha em quadrinhos.. a história de um amor que não deu certo.














Estes quadrinhos foram feitos por Andrey Lourenço e Cia. Quem quiser seguí-lo: www.twitter.com/andreylourenco

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tentei

nada adianta
nem carinho, nem afeto
nem o amor cuidado e amedrontado
nada adianta
nem que se pinte de preto
nem que beba da mesma água
e coma do mesmo pão
nada adianta
nem o segredo contado
nem o segredo quebrado
nada adianta
nem toda fidelidade do mundo
nada
quando só o que se quer
é ter o que não se tem
lavo as mãos

terça-feira, 15 de junho de 2010


Futebol? futebol não se aprende na escola
No país do futebol o sol nasce para todos mas só brilha para poucos e brilhou pela janela do barraco da favela onde morava esse garoto chamado brazuca
Que não tinha nem comida na panela mas fazia embaixada na canela e deixava a galera maluca
Era novo e já diziam que era o novo pelé
Que fazia o que queria com uma bola no pé
Que cobrava falta bem melhor que o zico e o maradona e quedriblava bem melhor que o mané, pois é
E o brazuca cresceu, despertando o interesse em empresários e a inveja nos otários
Inclusive em seu irmão que tem um poster do romário no armário
Mas joga bola mal pra caralho
O nome dele é zé batalha
E desde pequeno ele trabalha pra ganhar uma migalha que alimenta sua mãe e o seu irmão mais novo
Nenhum dos dois estudou porque não existe educação pro povo no país do futebol
Futebol não se aprende na escola
É por isso que brazuca é bom de bola

Brazuca é bom de bola
Brazuca deita e rola
Zé batalha só trabalha
Zé batalha só se esfola
Brazuca é bom de bola
Brazuca deita e rola
Zé batalha só trabalha
Zé batalha só se esfola
Chega de levar porrada
A canela tá inchada e o juiz não vê
Chega dessa marmelada
A camisa tá suada de tanto correr
Chega de bola quadrada
Essa regra tá errada, vâmo refazer
Chega de levar porrada
A galera tá cansada de perder

No país do futebol quase tudo vai mal
Mas brazuca é bom de bola, já virou profissional
Campeão estadual, campeão brasileiro
Foi jogar na seleção, conheceu o mundo inteiro
E o mundo inteiro conheceu brazuca com a dez
Comandando na meiúca como quem joga sinuca com os pés
Com calma, com classe, sem errar um passe
O que fez com que seu passe também se valorizasse
E hoje ele é o craque mais bem pago da europa
Capitão da seleção, tá lá na copa
Enquanto o seu irmão, zé batalha, e todo o seu povão, a gentalhada favela de onde veio, só trabalha
Suando a camisa, jogado pra escanteio
Tentando construir uma jogada mais bonita do que a grama que carrega na marmita
Contundido de tanto apanhar
Confundido com bandido
Impedido
Pode parar!!
Sem reclamar pra não levar cartão vermelho
Zé batalha sob a mira da metralha de joelhos
Tentando se explicar com um revólver na nuca:
Eu sou trabalhador, sou irmão do brazuca!
Ele reza, prende a respiração
E lá na copa, pênalti a favor da seleção
Bola no lugar, brazuca vai bater
Dedo no gatilho, zé batalha vai morrer
Juiz apitou... tudo como tinha que ser:
Tá lá mais um gol e o brasil é campeão
Tá lá mais um corpo estendido no chão


O país ficou feliz depois daquele gol
Todo mundo satisfeito, todo mundo se abraçou
Muita gente até chorou com a comemoração
Orgulho de viver nesse país campeão
E na favela, no dia seguinte, ninguém trabalha
É o dia de enterrar o que sobrou do zé batalha
Mas não tem ninguém pra carregar o corpo
Nem pra fazer uma oração pelo morto
Tá todo mundo com a bandeira na mão esperando a seleção no aeroporto
É campeão da hipocrisia, da violência, da humilhação
É campeão da ignorância, do desespero, desnutrição
É campeão da covardia e da miséria, corrupção
É campeão do abandono, da fome e da prostituição


Autor: Gabril, o Pensador.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

É necessário poetizar-se

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto


De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Dica de filme: Vermelho como o céu



Baseado na história real do um renomado editor de son Mirco Mencacci, Rosso Come il Cielo é um filme, também Italiano, que a primeira vista é apenas um drama que não poupa emoções (bem típico dos italianos), no entanto, ele faz agente pensar em como o talento suprime as limitações físicas, e nos faz pensar também como a rotina nos faz tão omissos às coisas maravilhosas que Deus nos proporciona diariamente (como um dia friozinho de chuva, ou uma linda tarde de verão), assim, aconteceu com Mirco, que precisou perder o maravilhoso dom da visão, pra começar a "enxergar" o mundo de forma mais atenta e poética.

Pra não ficar só em minhas palavras, veja o que a crítica diz sobre o filme:

"Emotivo e emocionante, como só o cinema italiano sabe fazer. Assim é Vermelho como o Céu, filme que conta a história real de Mirco (Luca Capriotti), um garoto de dez anos que fica cego num acidente doméstico e é obrigado a freqüentar uma escola especial, longe dos pais e dos antigos colegas.

À primeira vista ? sem trocadilhos ?, o tema da cegueira infantil poderia sugerir um filme melodramático e choroso, mas esse, felizmente, não é o caminho seguido pelo diretor Cristiano Bortone, um cineasta inédito no circuito comercial brasileiro. Pelo contrário: Bortone trata o tema com lirismo e extrai de seu jovem elenco (quase todo formado por crianças realmente cegas) ótimos momentos de bom humor. Como tudo é ambientado na Itália dos anos 70, o sub-tema que permeia a trama é o autoritarismo, aqui travestido na figura do diretor da escola especial, um homem amargo ? ele próprio também cego ? que não acredita nas capacidades produtiva e criativa do deficiente visual. Como se percebe, há várias formas de cegueira.

Numa segunda análise, Vermelho Como o Céu é um filme sobre transições. O protagonista é obrigado a se adaptar ao mundo da escuridão, ao mesmo tempo em que cresce, em todos os sentidos, como pessoa. Enquanto isso, lá fora, a própria Itália é compelida a mudar as leis sobre estudantes deficientes, como o filme explica no final. Também sem querer estragar o final da trama, o destino verídico deste menino, quando adulto, também é dos mais poéticos.

Além de fazer uma belíssima declaração de amor ao cinema, Vermelho Como o Céu resgata a tradição humanista e passional de um tipo de cinema italiano que não tem medo de chorar. Não por acaso, ele foi eleito o melhor filme pelo Júri Popular da 30ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo."

quarta-feira, 12 de maio de 2010

E agora, José?

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, proptesta?
e agora, José?


Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?


E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?


Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?


Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você consasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!


Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Coisas para se fazer antes dos 30

*beber uma garrafa de tequila
*encontrar com alguem da net
*fazer uma tatoo
*subir em um palco e dançar loucamente
*fugir de casa
*pular de bumg jump
*matar aula pra ir no buteco
*passear sem calcinha (cueca)
*agarrar seu amor platonico
*fingir ser estrangeiro e falar um idioma que nao existe
*ficar com alguem 10 anos mais velho que vc
*sair de casa na sexta a noite e voltar na segunda de manha
*dormir com a roupa que saiu depois de um porre
*ir a praia de nudismo
*ficar com seu professor interessante
*roubar o namorado de alguem
*ir pra aula bebada
*se apaixonar a 1ª vista
*usar a melhor roupa pra ir ao mercado
*sair com o melhor amigo do seu ex
*pintar o cabelo de uma cor absurda
*chorar vendo um desenho
*ir parar na delegacia
*beber ate ter amnesia alcoolica
*aprender a tocar algum instrumento
*ter um diário secreto
*beijar um passante
*ir numa formatura de short e chinelo
*assaltar uma loja
*pegar carona com desconhecido
*ir pra balada de onibus
*dormir na rua

continuação...

quarta-feira, 31 de março de 2010

Mas poxa vida

Volta e meia aparece alguém falando ou mostrando algo interessente.
"O cara" da vez é o PC Siqueira, o dono do canal "maspoxavida" no youtube.
É impressionante como ela fala tudo que eu gostaria de falar, e aproveitando que o canal dele tá fazendo sucesso, fico feliz que ele diga coisas do tipo: pessoas que ficam ouvindo música alto no celular dentro do ônibus merecem morrer.
hahaha
merecem morrer! (6)
Bom, melhor do que ficar falando, é mostrar...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Corte sem Casca

"A peça é fruto de uma pesquisa sobre a dificuldade do encontro com o outro e da manutenção desse encontro. O grupo descobriu na afetividade aquilo que é comum a todos, e que de alguma forma determina o modo como nos relacionamos. Através dos afetos aprendemos a fazer as escolhas que irão dizer o que somos e como seremos lembrados."




"O que seria da vida sem a rejeição"





O amor não pode ser aprisionado.




Viver na eminência do desamor é fato e o medo que isso provoca, trás o desamor.
O amor não é só cuidado.

domingo, 14 de março de 2010

Dia da Poesia

Algumas poesias vivas e bem humoradas de Leminsk


a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da mão

-

amar é um elo
entre o azul
e o amarelo

-

nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez

-

se
nem
for
terra
se
trans
for
mar

Em homenagem ao Glauco

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Meu bem
Já não precisa
Falar comigo
Dengosa assim...

Briga, para depois
Ganhar mil carinhos de mim
Se eu aumento a voz
Você faz beicinho
E chora baixinho
E diz que a emoção
Dói seu coração...

Já, não acredito
Se você chora
Dizendo me amar
Eu sei que na verdade
Carinhos você quer ganhar...

Um dia gatinha manhosa
Eu prendo você
No meu coração
Quero ver você
Fazer manha então
Presa no meu coração
Quero ver você...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Duas historinhas de amor


Existe um lugar onde a barreira dos oceanos é um pouco menor, seria uma forma de aproximar os continentes que tragicamente foram afastados durante várias Eras.
Ali mesmo, onde as areias dançam num balé coreografado no compasso do vento, duas árvores se encontraram e se emaranharam pela força desse gigante brincalhão.
Crescendo assim sempre juntas, em algum momento, tornaram-se uma só.
Reza a lenda, que o casal que deixar um laço de fita e se beijar entre o emaranhado de seus galhos ficará junto para sempre.
O casal não acreditava que isso fosse necessário, já que o amor por si já nasce eterno, mas pra garantir, está lá a fitinha vermelha, bem presa, laçada em três nós bem firmes que eles deram com dificuldade, pois o mesmo vento que uniu as árvores, agora soprava pra impedir o casal de amarrar a fitinha.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

BREGA BUNDA BRASIL

Autor: Antonio Barreto,

Cordelista natural de Santa Bárbara-BA,
residente em Salvador.

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não dêem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…


FIM

Salvador, 16 de janeiro de 2010

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Preguiça de Pensar

Uma melodia eu busquei
Assim colorida
Assim perfumada
Mas não achei

Até que na manhã florida
Com sabor de manga espada
A melodia tão esperada
Cantei

E de tanto cantada
Ficou enjoada
E como ferida
Arranquei

Agora espero uma manhã dourada
Para uma nova melodia amada
Surgir florida
E o ciclo vicioso cumprirei

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Millôr

Eu adoro muito os textos de Millôr. Passo horas, que deveriam ser de um trabalho árduo com os números, só lendo as frases dele, mas vê se não tenho razão?

-
Por mais imbecil que você seja, sempre haverá um imbecil maior para achar que você não o é.

Toda uma biblioteca de Direito apenas para melhorar quase nada os dez mandamentos.

Ser pobre não é crime, mas ajuda muito a chegar lá.

Um homem começa a ficar velho quando já prefere andar só do que mal acompanhado.

Esnobar é exigir café fervendo e deixar esfriar.

Viva o Brasil onde o ano inteiro é primeiro de abril.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Árido Movie



Árido Movie narra a trajetória de Jonas, que, desgarrado da família desde pequeno, é apresentador da previsão do tempo em um canal de televisão em São Paulo. O inesperado assassinato do pai obriga-o a fazer uma jornada de retorno as suas origens. Mas, Jonas desconhece o verdadeiro motivo de sua volta, solicitada pela avó, Dona Carmo, que escolhe-o para vingar a morte do pai e lavar a honra da família. Ao chegar a Rocha, sua cidade natal, Jonas encontra um clima de vingança pairando no ar. O enterro do seu pai é carregado de emoções dúbias. É aí que Jonas descobre o seu infortúnio: o peso de ser o herdeiro de uma realidade que já julgava não ser mais a sua.
"então me diz qual é a graça, de se já saber o fim da estrada, quando se parte rumo ao nada."

domingo, 24 de janeiro de 2010

Sutilmente

Composição: Nando Reis e Samuel Rosa
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Janis Joplin




Agora vai! Li que o filme de Janis finalmente vai ser filmado e que, possivelmente, terá um brasileiro como diretor.
Ansiosa! Quero muito ouvir os gritos roucos dessa “louca” do rock nas telonas. Esperar só mais um pouco.

fonte:http://www.cifraclubnews.com.br/noticias/20539-filme-sobre-janis-joplin-pode-ser-dirigido-por-fernando-meirelles.html



Música Bonitinha *.*


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"Imagem da semana"



Hoje pela manhã vendo os sites de notícia me deparei com a imagem acima, e de repente percebi o quanto somos egocêntricos, li que a pessoa da foto passou uma semana presa nos escombros ao lado de um cadáver e que cantava na esperança de um milagre, e pensei - e se fosse eu? - talvez não tivesse tanta força pra sobreviver, se para mim as coisas do dia a dia já me cansam a alma e o corpo, imaginem uma situação dessas? Não ter comida, não ter onde dormir, onde tomar um banho, coisas básicas, mas que se retiradas nos fazem muita diferença. E não sei por que, mas me senti uma pouco culpada, talvez por não ter dado o devido valor a minha vida ou por ta vendo isso tudo acontecendo e só hoje parar pra refletir.

Se há coisa pior que fechar os olhos diante das tragédias é vê-las e não poder fazer nada.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u681925.shtml

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

"- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"


O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint Exupéry