sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O Casal
O casal vinha andando pela Paulista, de mãos dadas, conversando animadamente. Ele falava meneando sutilmente a cabeça, com ares professorais e ela prestava atenção verdadeira com um sorriso tênue nos lábios enquanto fitava o rosto dele com olhos de admiração.
De onde eu estava observando, não conseguia ouvir o que diziam, mas parece que ela o retrucou. Ele pareceu ter ficado surpreso e admirado com o que ouviu e parou de caminhar para abraçá-la com carinho. Durante o abraço ela repousou brevemente o rosto no ombro dele e, no desenlaçar, beijou-lhe suavemente o pescoço. Eles trocaram olhares cúmplices, e voltaram a caminhar de mãos dadas. Agora, era ela quem falava e ele prestava atenção pontuando a conversa vez ou outra com algum comentário ou resposta.
De onde eu estava observando, percebia que ali havia amor. Que havia cumplicidade, confiança mútua. Eu percebia que havia amizade, interesse franco de um pelo outro. Eu percebia que havia intimidade, que havia paixão.

Por um tempinho eu me imaginei no lugar deles. E senti inveja.
Não porque eu nunca tivesse vivido esse tipo de relação. Eu vivo. Mas porque aquele casal tinha uns 75, 80 anos de idade.

Soneto

de Gregório de Mattos

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazio a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.

sábado, 9 de outubro de 2010

Cantinho Escondido


Ah se minha casa mostrasse fora o que tem dentro dela
Você não teria medo, entraria e tomaria um café comigo

Ah se meu banquinho de flores já estivesse pronto
Agente sentaria e olharia as estrelas

Ah se seu desejo fosse olhar as estrelas
Cataríamos canções bobas de amor

Ah se eu pudesse mostrar que a alma é mais bonita que a carne
Seria tudo sem sangue

Ah se você me olhasse além do que você imagina,
Mas você tira os óculos e não me enxerga mais

Ah se eu pudesse dá ao mundo o amor romântico que sonho
Mas nem o sonho, nem o amor existem

Ah se eu pudesse, mas eu não posso

terça-feira, 5 de outubro de 2010

40 anos da morte Janis Joplin


Acho isso de se comemorar aniversário de morte muito estranho. Mas se for pra lembrar da voz dela, tá valendo!