segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Buraco da Catita




Sabe quando as coisas “melhoram” tanto que perde o seu real valor?
Tive essa impressão sábado passado.
Fui à reabertura do Buraco da Catita, um bar que supostamente seria um lugar pra “encontrar os amigos”- particularmente nunca fui com essa finalidade - e ouvir uma boa música (chorinho). O lugar se transformou em um palco onde as “personalidades” de Natal puderam desfilar seu gosto a arte musical. Humhum...
O espaço que antes mal tinha banheiro feminino, agora conta com uma ampliação na sua estrutura, tanto fora quanto dentro, e com um luxo que não condiz com a autentica boemia que o chorinho carrega.
Fiquei realmente decepcionada, fui com sede de ouvir clássicos de Pixinguinha, Cartola, Noel Rosa e só o que ouvir, foi... Não ouvir quase nada, o Grupo Catita Choro & Gafieira tocava uma música e passava mais da metade do tempo ajustando os instrumentos, esperando a presença dos senhores ilustres de nossa cidade ou qualquer outra coisa assim. O que mais se viu, foi muita gente querendo aparecer, muita gente querendo se esconder, muita bebida e comida cara e pouca música.
Minha frustração só não foi maior, porque ainda tava com a lembrança do belíssimo espetáculo que tinha assistido momentos antes.
Bom... Vou continuar ouvindo bossa, chorinho e samba no PC.
Vou ficar desejando que um dia apareça um lugar onde o amor pela música seja maior que o amor pelo lucro e as aparências.



ODEON
Composição: (Ernersto Nazareth e Vinícius de Moraes)

Ai, quem me dera
O meu chorinho
Tanto há tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouvia
Ele fazer tanto chorado
Ai, nem me lembro
Há tanto, tanto
Todo o encanto
De um passado
Que era lindo
Era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho
Chamado Odeon

Terçando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tirando a canção do violão
Nesse bordão
Que me dá vida
E que me mata
É só carinho
O meu chorinho
Quando pega e chega
Assim devagarzinho
Meia-luz, meia-voz, meio tom
Meu chorinho chamado Odeon

Ah, vem depressa
Chorinho querido, vem
Mostrar a graça
Que o choro sentido tem
Quanto tempo passou
Quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém

Ah, quem diria que um dia
Chorinho meu, você viria
Com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer "não faz mal
Tanto faz, tanto fez
Eu voltei pra chorar com vocês"

Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim pra não tocar
Tão lindo assim
Porque parece até maldade
Ai, meu chorinho
Eu só queria
Transformar em realidade
A poesia
Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom
De um chorinho chamado Odeon

Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda persigo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
E até parece aquela prece
Que sai só do coração
Se eu pudesse recordar
E ser criança
Se eu pudesse renovar
Minha esperança
Se eu pudesse me lembrar
Como se dança
Esse chorinho
Que hoje em dia
Ninguém sabe mais

Um comentário:

Luciano disse...

li e concordei!